O ESPORTE E INCLUSÃO SOCIAL

Com base nos textos motivadores abaixo, redija um texto dissertativo-argumentativo sobre o tema em questão. Lembre de apresentar uma proposta de intervenção e de respeitar os direitos humanos.



TEXTO 1


ESPORTE E INCLUSÃO SOCIAL

Em 2016, o “país do futebol” recebe seu segundo megaevento esportivo em dois anos, os Jogos Olímpicos. Interesse pela prática de esportes não é difícil encontrar no brasileiro e talvez por isso o esporte apareça em inúmeros programas de inclusão social, em um país que ocupa a 75ª posição do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), calculado pela Organização das Nações Unidas (ONU). De acordo com a Organização, a desigualdade social é um dos elementos que mais pesa na classificação brasileira. Sair do senso comum sobre os benefícios do esporte e avaliar a efetividade desses programas têm sido objeto de estudos de acadêmicos que alertam para a supervalorização do esporte como sendo uma atividade capaz de resolver todos os problemas.
No primeiro ano do governo de Luiz Inácio Lula da Silva (2003-2006) foi criado o programa “Segundo tempo”, para que as crianças ficassem em tempo integral em escolas espalhadas por todo país e aproveitassem o contra turno para a prática esportiva supervisionada. O professor de departamento de Educação Física da Universidade Estadual de Maringá (UEM), Cláudio Kravchychyn, analisou as mudanças que o programa teve ao longo dos anos. Para ele, o diferencial em relação a outros projetos foi a participação de acadêmicos na construção da proposta pedagógica juntamente com os professores das escolas, a partir de 2007. Isso possibilitou a continuidade do projeto, apesar do corte de verbas e dos prejuízos por corrupção em 2010. Entre 2008 a 2013 foram capacitados 12.651 profissionais de educação física para o desenvolvimento do esporte educacional.
Um dos motivos para a reelaboração da política pedagógica do programa foi a constatação da falta de estrutura existente nas escolas para receber as atividades e o fato da maioria delas ser desenvolvida longe do ambiente escolar por Organizações Não-Governamentais, fundações e outras instituições e não contar com uma supervisão comum. Para Kravchychyn, a ausência de estrutura e o fato do projeto ser executado fora da escola prejudica estes programas. Quando o aluno está em um espaço familiar ele se desenvolve mais rapidamente. “A comunidade deve reconhecer a prática esportiva como um direito e se apropriar disso. As lideranças comunitárias podem colocar essa demanda e pressionar para que isto ocorra, tanto na escola como em outros espaços de lazer”, avalia.
A dificuldade em encontrar a estrutura adequada para as atividades esportivas e culturais não é exclusividade do “Segundo tempo”. Bruno Gawryszewski, pesquisador da Faculdade de Educação da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), encontrou sobreposição de aulas, falta de orientação pedagógica para os professores e ministrantes de oficinas e ausência de espaço físico para realização de atividades no programa “Escolas do amanhã”, carro-chefe da propaganda em educação da prefeitura do Rio de Janeiro. A maioria dos estudantes deste projeto são filhos de trabalhadores, residentes nas favelas cariocas, onde a população é considerada “socialmente vulnerável” por conta da exposição à violência e às mazelas sociais. No entanto, na opinião de Gawryszewski, “mesmo oferecendo mais condições para a prática esportiva do que as demais escolas da rede municipal, o projeto possibilita uma educação emancipadora dos sujeitos”. Outro problema, segundo o pesquisador, era que muitos oficineiros não possuíam qualificação formal para as atividades que exerciam. “A falta de coesão entre os turnos não se revela como um equívoco de gestão, mas como a própria estrutura do programa, baseada na concepção de que aquilo que se concretiza é uma escola de jornada ampliada que mantém os alunos nesse espaço de socialização, seja lá qual for o tipo de intervenção pedagógica que se realize”, escreve em artigo publicado na Revista Contemporânea de Educação no segundo semestre do ano passado.
Políticas públicas
Nos últimos anos o número de projetos educacionais ligados ao esporte tem aumentado, mas sua promoção não é exatamente nova. Entre as décadas de 1930 e 1940, a ditadura de Getúlio Vargas é o primeiro governo a criar políticas públicas para o esporte como prática social. Vargas cria o Conselho Nacional de Desportos (CND) e a primeira lei para o esporte brasileiro. A medida é classificada por pesquisadores da área como uma forma de burocratizar o setor, distante do entendimento de esporte como direito social. No período militar avança o incentivo ao esporte de alto rendimento e também como uma atividade “de massa”, “de lazer”. Na década de 1980, a premissa de aumentar a experiência da criança na escola coloca o esporte, não como apêndice, mas como eixo norteador das atividades, prática que acaba virando lei na Constituição de 1988.
Um marco nas políticas públicas para o esporte aconteceu com a criação do Ministério do Esporte, em 2003, no primeiro ano do governo Lula. A partir daí houve um aumento de programas sociais ligados ao esporte. “Na virada do milênio, os projetos e programas ofertados por prefeituras, governos estaduais e pelo governo federal aumentam significativamente em relação aos projetos da iniciativa privada, fruto de maior aporte de recursos públicos para essa finalidade”, escreve Cláudio Kravchychyn em sua pesquisa de doutorado. Apesar disso, não há um acompanhamento sistemático dos programas para mensurar sua efetividade na promoção da inclusão social e raramente eles têm continuidade, aponta o pesquisador.
A inclusão é possível?
Para o pesquisador da UFRJ, o crescimento do número de projetos de inclusão social nas últimas décadas expressa uma reorganização do sistema capitalista e das funções que se espera do Estado.
Crítico a esses programas, ele afirma que muitos deles acabam cumprindo a função de acomodar uma parcela da força de trabalho que não teria espaço no mercado formal de empregos. Nesse sentido, os programas educacionais e de formação profissional acabam se constituindo em um fim em si, “uma inserção possível nos marcos do atual contexto de expropriação do capitalismo. Pensar em uma inclusão a partir de um sistema estruturalmente excludente me parece uma impossibilidade”, afirma.
Em de uma perspectiva de mudança do cenário social, Kravchychyn considera que é preciso tomar cuidado para não haver uma supervalorização do esporte como solução para tudo: gravidez precoce, uso de drogas, violência. “Ele pode auxiliar nessas questões, mas, ao mesmo tempo, tem que fazer parte de uma série de ações pensadas para além disso. Os atletas noticiados pela mídia podem ser exemplos da influência positiva do esporte, mas, por outro, dependendo do seu comportamento, pode acontecer o contrário. Cabe aos professores e especialmente. aos coordenadores pedagógicos dos programas sociais conduzir o esporte de forma mais realista, de forma a oferecer ferramentas educacionais às crianças”, finaliza.

FONTE: http://pre.univesp.br/esporte-inclusao-social#.Ww2e8kgvztQ

TEXTO 2


Não há ferramenta de inclusão social melhor do que o esporte



Sabe aquele adeviso de carro "Gentileza gera gentileza"? Pois é, uma frase simples, banalizada até, e extremamente verdadeira. Algumas coisas na vida, de tão simples, não são percebidas.
A sensação de ajudar alguém, colaborar com a vida de uma pessoa que você não conhece, é algo espetacular. Quem trabalha com projetos sociais, convive com pessoas que precisam de auxílio, sabe do que estou falando.
Eu realmente acredito no esporte como a melhor ferramenta de inclusão social existente. Conhecimento empírico, baseado no que vivi e conheci até hoje. Ter o esporte consigo fortalece, cria laços afetivos, ensina a vencer e perder, te coloca no rumo certo.
Não é uma fórmula exata, claro, mas é um caminho que toda criança tem o direito de percorrer.
Na semana passada a ESPN promoveu a Caravana do Esporte e das Artes na Vila Olímpica de Vila Isabel, no Rio de Janeiro. O projeto, existente desde 2005, tem parceria com Disney, Unicef, Instituto Esporte e Educação e Instituto Mpumalanga. Como de costume, promoveu o acesso ao esporte a centenas de crianças e o acesso à informação a diversos professores.
Já no sábado, tive a oportunidade incrível de participar de outro projeto da ESPN. O departamento de Cidadania Corporativa atua ao redor do mundo, ao lado de parceiros, em prol do esporte social. No Morro dos Macacos, com a ajuda fundamental dos moradores e de diversos colaboradores da ESPN, possibilitou a reforma de uma quadra abandonada.
O local estava largado pelo poder público há décadas, e a população pouco utiliza pela degradação e iluminação inexistente. Após a reforma, as milhares de crianças que vivem no Morro dos Macacos ganharam um espaço de lazer e pronto para a prática esportiva.
Outro aspecto especial de fazer parte desses projetos sociais é conhecer pessoas que vivem em função daqueles que precisam de ajuda. Assim conheci o trabalho da love.fútbol, do Inatos e da A Ganar.
O que faz a love.fútbol, por exemplo, é emocionante. Parceira fundamental na reforma da Arena Macacos, a organização busca a "apropriação de espaços públicos de lazer e fortalecimento comunitário, buscando servir como um primeiro passo e catalizador de mudanças sociais sustentáveis". A partir daí identificam locais de esporte abandonados e buscam, ao lado da comunidade local, formas para restaurá-lo e - talvez o mais importante - mantê-lo em atividade e bem conservado dali em diante.
Se todas as autoridades percebessem como é muito mais importante investir no esporte social, nas crianças, ao invés de gastarem fortunas em estádios e times profissionais, colaborariam muito mais com a sociedade. A partir daí, sim, deveriam também promover formas dos jovens terem o esporte como opção profissional para a vida.
Da minha parte, saber que, mesmo que minimamente, colaborei com uma pequena semente esportiva na vida de algumas crianças, é algo extremamente gratificante. Gera o bem.

FONTE: http://www.espn.com.br/blogs/gustavohofman/596156_nao-ha-ferramenta-de-inclusao-social-melhor-do-que-o-esporte

TEXTO 3

Esporte

O esporte é reconhecidamente uma ferramenta de inclusão social e um meio para o fortalecimento da cidadania de crianças e adolescentes. A atividade esportiva, individual ou em grupo, contribui para o desenvolvimento de competências pessoais e coletivas. Suas regras, quando trabalhadas de forma pedagógica, fazem com que meninos e meninas se deparem com a vitória, o fracasso, a rivalidade e, diante disso, fortaleçam comportamentos compatíveis com os valores das sociedades democráticas contemporâneas.
É por isso que muitos projetos sociais bem-sucedidos usam o esporte como ferramenta de promoção social capaz de fortalecer os direitos humanos e a resolução pacífica de conflitos, que é uma forma de prevenção à violência.  O esporte passou a ser entendido de forma mais ampla e não apenas como  uma atividade de alto rendimento, essa sim restrita aos atletas profissionais.
O Estatuto da Criança e do Adolescente (artigo 4) reconhece a prática esportiva como um direito a ser assegurado de forma prioritária à população infanto-juvenil. A Constituição Federal de 1988 também protege esse direito.
Crianças e jovens moradores das periferias das grandes cidades ou de regiões pobres do país necessitam de políticas públicas que favoreçam o acesso a ginásios, pistas de skate e campos de futebol e quaisquer outros locais passíveis de serem usados para práticas esportivas. Infelizmente, porém, essas áreas são também as que têm menos equipamentos públicos, tanto para esporte como para lazer. Além disso, a execução orçamentária do Ministério do Esporte não chega à metade daquilo que o setor esportivo considera como o mínimo necessário, embora as verbas destinadas à área tenham crescido muito na última década. Segundo a ONG Contas Abertas, na última década, a execução orçamentária média do ministério ficou na casa dos 50%. Em 2009, entretanto, foi maior: de cerca de R$ 1,4 bilhão previsto, R$ 982,2 milhões foram executados. Para 2010, a previsão de recursos do Ministério do Esporte é de R$ 1,514 bilhão. Os investimentos na área, segundo a ONG, cresceram muito nos últimos anos, devido à criação de uma pasta específica para o setor, em 2003, e à realização dos Jogos Panamericanos no Rio de Janeiro, em 2007. Nos próximos anos, as verbas para esportes devem crescer ainda mais, por conta dos investimentos para a Copa do Mundo (2014) e os Jogos Olímpicos (2016).
O principal programa esportivo do governo federal voltado para o ensino fundamental e o ensino médio, o Segundo Tempo – coordenado pelo Ministério do Esporte em parceria com organizações não-governamentais -, incentiva atividades esportivas e de lazer no contra-turno escolar. Em 2009 foram beneficiadas cerca de 1,3 milhão de crianças e adolescentes em todas as unidades da federação.  Sua abrangência, entretanto, ainda é limitada. O Recreio nas Férias, por exemplo, uma das ações do programa, em janeiro de 2010, envolveu apenas 73 mil crianças, adolescentes e jovens de seis estados. A previsão para julho era atender outros 112 mil em 14 estados. O programa é realizado em espaços comunitários (públicos ou privados) e em quadras de escolas públicas.
Dados do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep 2009) revelam que apenas 26,8% das escolas públicas de ensino fundamental possuem quadra de esporte. Ou seja, das cerca de 132 mil escolas públicas da 1º ao 9º ano, somente 35.440 dispõem de locais apropriados para a prática esportiva.  Nas 20.297 privadas, esse percentual chega a 57,5%. No ensino médio, a situação melhora bastante: 73,3% das escolas públicas e 79,2% das escolas privadas têm quadras de esportes. 
Além das ações das várias esferas de governo, dezenas de ONGs, associações comunitárias e instituições filantrópicas desenvolvem projetos nas periferias das grandes cidades, utilizando o esporte como ferramenta para a integração comunitária e combate à violência, com o intuito de evitar que os jovens abandonem a escola e se envolvam com o crime. Essas ações vêm se intensificando em áreas de risco e sem opções de lazer, com apoio de parcerias privadas e públicas. A entidade Instituto do Esporte & Educação, por exemplo, criou núcleos esportivos socioeducativos em comunidades de 15 estados, para atendimento de crianças e adolescentes e formação de educadores.
Como resultado da escolha do Brasil para sediar a Copa do Mundo e os Jogos Olímpicos, a tendência é de aumento nos investimentos para o esporte. Em junho de 2010, por exemplo, a Comissão de Cultura e Esporte do Senado Federal aprovou projeto de lei que autoriza o governo federal a instituir o Programa Universitário de Apoio ao Esporte. A meta é incentivar universitários dos cursos de Educação Física a desenvolverem atividades nas escolas de educação básica e em comunidades carentes. Os recursos financeiros serão fixados no Orçamento da União.

Contexto internacional

Em 1978, a Conferência Geral da Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura) aprovou a “Carta Internacional da Educação Física e do Desporto”, que estabeleceu o esporte como um direito de todos. O documento recomenda que a prática chegue a todas as escolas. Em 1995, foi relançada a Carta dos Direitos da Criança no Esporte, na França. Em 2003, as Nações Unidas adotaram uma resolução que reconhece o esporte como meio de promover a educação, a saúde e a paz e tornaram 2005 o Ano Internacional do Esporte e da Educação Física.
FONTE:http://criancaesperanca.globo.com/platb/infancia-e-juventude-no-brasil/category/cultura-arte-esporte-e-lazer/esporte/

TEXTO 4



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